Mesmo sem ter sido aprovado ainda, uma das consequências do Escola Sem Partido já pode ser sentida: o clima de medo e denuncismo. Já recebemos relatos de professores estaduais que estão sendo sendo perseguidos por conta do conteúdo de suas aulas.
O assédio não vem somente na forma de denúncias à diretoria: vem também na forma de perseguições nas redes sociais, vídeos onde frases da aula são tiradas de contexto e outras baixarias.
A parte mais triste é que esses professores estão apenas fazendo o que foram contratados para fazer: ensinar. Só que, agora, quem decide se o conteúdo é adequado não é mais o professor, nem a direção, nem mesmo o Ministério da Educação: é, como a própria PL diz, a "moral" do pai e da mãe do aluno.
É
crime apresentar trechos do Manifesto Comunista numa aula de História? É
pregação passar um documentário sobre Marx numa aula de Sociologia?
Alguns pais e mães certamente acharão que sim, e podem pedir o
afastamento dos professores responsáveis. O Programa Escola Sem Partido
dá esse poder a eles. Mas qualquer educador sério sabe que não há nada
de errado com os exemplos acima, pois são relevantes dentro de seus
contexto. Tu dirias que um professor que passe o filme "A Queda - As
Últimas Horas de Hitler" numa aula sobre 2ª Guerra Mundial está
incitando o nazismo?
É
claro que os pais têm um papel tri importante no ensino dos filhos. A
educação moral da criança começa em casa, com os pais, e é determinante
na construção do caráter. Mas é importante entender que a escola faz
parte de outra esfera de convivência, a pública. É importante não
misturar as coisas.
NÃO É SÓ NO ESTADO!
Projetos enganosos como o Escola Sem Partido - que usam um nome legal para ocultar um plano não muito legal - estão se popularizando em diversos estados e municípios do Brasil. Na Câmara dos Vereadores de Porto Alegre há a versão municipal do Escola Sem Partido, de autoria do vereador Valter Nagelstein (PMDB).
A Frente Gaúcha Escola Sem Mordaça é contra a censura em qualquer escola, seja municipal, estadual ou federal. Se tu também pensa assim, assina a nossa petição contra a Escola Sem Partido no município de Porto Alegre!
A
Rede Minha Porto Alegre acredita que a construção de uma sociedade
mais justa, sustentável e democrática depende da formação de cidadãos
ativos, tolerantes e respeitosos. A experiência em sala de aula, para
nós, deve ser emancipadora e a acima de tudo, plural. A PLL 190/2015 tem
um nome bonitinho, mas as intenções são um atraso para educação.
Queremos escolas libertadoras e seres humanos pensantes e inclusivos,
que saibam conversar e, principalmente, se ouvir, apesar das diferenças.
A Frente Gaúcha Escola Sem Mordaça é composta por professores e professoras, educadores e educadores, alunos, alunas e demais gaúchos e gaúchas que consideram o Escola Sem Partido uma "Escola com mordaça". A Frente planeja ações para conscientizar a população para a ameaça que leis desse teor representam à liberdade de ensinar, assegurada pela Constituição Federal.
Créditos das fotos: Rex Pe | Banco Mundial | UGA College of Ag & Environmental Sciences - OCCS
As
imagens são de parceiros da Minha Porto Alegre, de bancos de imagens
públicos, e/ou com licença Creative Commons. Se és o autor de alguma
imagem e sentes-te incomodado com o uso que fizemos de alguma delas, é
só falares conosco.